13/04/10

Uma crónica esperançosa

Li no jornal i, no dia 6 de Abril, uma crónica escrita por Jaime Nogueira Pinto que, ao contrário de muitas que fui lendo, apontam o famoso episódio do "Golpe de Estado" na Guiné e de tudo o que o envolveu não como mais uma razão para crucificar um país já de si tão sofrido, mas como um "exemplo para África".
Fiquei feliz por ver que alguém consegue ver o outro lado, aquele para além do óbvio, para além da acusação e julgamento fácil, normalmente feitos por ignorância.
Deu-me mais vontade para voltar, com esperança, para participar na luta, silenciosa, travada diariamente naquele país.
Espero que apreciem a leitura tanto quanto eu e que este texto nos faça ver aquela luz ao fundo do túnel, aquela que sempre existe se observarmos bem.
Abraço,
"Um exemplo para África"
Na Guiné-Bissau, dois líderes eleitos pelo povo resistiram à chantagem das armas. Um exemplo para o resto de África, vindo da área lusófona.
Em finais de Março de 2010 as notícias sobre a Guiné-Bissau eram esperançosas: o país chegara a uma situação política estável, com um presidente da República e um primeiro-ministro eleitos com maiorias substanciais em eleições livres, justas e aceites por todos.
A política económico-financeira do governo conseguia ir pondo ordem nas contas públicas, pagar os salários em atraso dos funcionários e cumprir o serviço da dívida. O chefe do executivo, Carlos Gomes Júnior, tinha uma equipa capaz e sobrevivera à difícil coabitação com Nino Vieira. Para os militares, onde o grupo dos antigos combatentes balantas persistia como factor de peso, havia um projecto que permitiria reduzir o número de efectivos, passando à disponibilidade os elementos mais velhos mas pagando-lhes as pensões de reforma.
A recente visita a Portugal de Carlos Gomes impressionara muito favoravelmente os interlocutores e animara um grupo de empresários do Norte a investir na Guiné, país que estava nas prioridades de Lisboa. Luís Amado programara uma visita à Guiné-Bissau depois de o presidente Malam Bacai Sanhá ter cá estado.
No entanto, na quinta-feira passada chegam notícias de outro golpe em Bissau, protagonizado pelo n.o 2 das forças armadas, António Injai, o líder da operação punitiva que terminara na morte de Nino. Injai aparecia com Bubo na Tchuto, o ex-chefe da Marinha com alegadas ligações aos narcos que se refugiara na Gâmbia. Juntos tinham detido o PM Carlos Gomes e o CEMGFA, Zamora Induta.
Quando parecia estar iminente novo desastre, duas coisas aconteceram: a primeira foi uma pronta e espontânea reacção popular. A população veio para a rua defender o governo e atacar os golpistas e só retirou quando estes - pelas vozes de Bubo e Injai - ameaçaram matar Carlos Gomes. A segunda foi que o presidente Malam Bacai, com grande coragem e dignidade perante os seus interlocutores armados, se recusou a demitir o primeiro-ministro, solidarizando-se com ele e com o governo. Criticou asperamente a atitude dos golpistas, lembrando-lhes a repulsa e a cólera popular contra eles nas ruas, e conseguiu deles a libertação do PM.
Carlos Gomes mostrou-se um político civil, alguém que não precisa das credenciais de guerrilheiro nem de estar com uma kalash na mão para ser corajoso; mais: que é corajoso com a kalash na mão dos seus inimigos virada contra ele. Só o CEMGFA Zamora Induta continua detido pelos golpistas. Acusam-no de estar a preparar a sua liquidação e dizem agir em "legítima defesa antecipada".
Na Guiné-Bissau, dois líderes eleitos pelo povo resistiram à chantagem das armas. Não podem nem devem ser abandonados neste momento, pois, como demonstraram, representam a derradeira esperança de salvação do seu tão martirizado país. Um exemplo para o resto de África, vindo da área lusófona.

12/04/10

O merecido descanso em Portugal!

Penso que todos devem saber pois já nos devemos ter cruzado em algum meio de comunicação :D Mas conseguimos viajar e estamos a passar uns dias excelentes de férias em Portugal, junto da família e amigos.
O Miguel já está quase de regresso (obrigações de coordenador!) e eu ficarei mais uns dias, não muitos.

Do que mais estamos a gostar? Do chuveiro de água quente!! Viva a modernidade! :D

O que mais nos prende cá? A família, amigos e a cidade do Porto.

Se já temos saudades da Guiné? Sim, a nossa vida, neste momento, já é lá, sem dúvida!


Um abraço e até...

01/04/10

Tudo normal... como na Guiné!

Boa noite, amigos...

Parece coisa do dia das mentiras... bem o desejamos! Mas não, a Guiné voltou a ter problemas devido aos militares!

Só queria dizer que estamos bem, a respeitar o recolher obrigatório no bairro da cooperação portuguesa, em segurança.

Desejamos que o aeroporto não seja tomado e possamos viajar, como tínhamos planeado, para Portugal amanhã à noite. Veremos!

Não se preocupem que estamos bem!

Um abraço e até breve, se Deus quiser!