27/11/09

Canchungo, 13 a 20 de Novembro de 2009



Em Bissau assistimos à última chuva do ano, a fazer lembrar os morteiros finais do fogo-de-artifício. Que tempestade… Relâmpagos e chuva torrencial fazendo estragos por todo o território. Pela última vez no ano o cheiro a terra molhada… agora é comer o pó da estrada, como dizem por aqui.

As últimas semanas foram vividas já em pleno mato. Canchungo é uma cidade de interior, rodeada de tabancas (pequenas aldeias). Apesar de a região (província) se chamar Cacheu e esta cidade ser a capital da região, a verdade é que Canchungo é bastante mais desenvolvido (cuidado com este conceito) e, portanto, é cá que se encontram as instituições do governo central, regional e mesmo local. Também por isso é que a equipa da FEC, da região de Cacheu, está instalada aqui.

O objectivo do projecto em que estamos envolvidos é o da melhoria da qualidade do ensino básico e a divulgação da língua portuguesa, resultado de um diagnóstico às principais dificuldades da educação na Guiné, dado pelo próprio ministério da educação e confirmado pela experiência de dez anos da FEC no território.

Foi pedido à FEC que trabalhasse com as escolas públicas de iniciativa comunitária. Ou seja, escolas que o ministério tutela, mas que nasceram do impulso das próprias comunidades locais, uma vez que as escolas do estado não conseguem chegar a todo o território. São, portanto, escolas construídas, geridas e suportadas pelas tabancas que as criaram. Um trabalho cheio de mérito!

Neste sentido, a capacitação dos directores e professores revelou-se a necessidade mais premente, uma vez que geralmente o director acumula a função de único professor da escola, tendo de dar aulas às quatro classes existentes. Um trabalho impensável no Portugal de hoje. Se tivermos em conta que grande parte destes professores é algum “filho da tabanca” que conseguiu ir até Bissau fazer a nona classe e regressou porque não teve posses para mais… facilmente percebemos o quanto a formação é imprescindível!

A esta falta de preparação na área da gestão e administração escolar e na área da pedagogia (pensemos na preparação dos nossos alunos do 9º ano para serem directores e professores de escolas primárias tendo de leccionar as quatro classes…), teremos ainda de juntar a questão da língua. Quem acompanhou as nossas impressões de Moçambique lembra-se das dificuldades que sentimos ao perceber que o português não era para nenhum dos nossos alunos a língua materna e tendo de o ensinar como língua oficial. Pois bem, aqui o caso complica, e muito! É que para além da língua local (que aqui, na região de Cacheu, pode ser manjaco ou balanta dada a existência dessas duas etnias), temos o crioulo que é já, para muitos, uma segunda língua, a verdadeira língua de unidade nacional. Juntemos agora a obrigatoriedade (teórica!) do ensino em português, língua oficial, e temos a verdadeira babel guineense! Na realidade, (quase) não se ouve falar português nas ruas da Guiné. E essa é outra grande dificuldade para o ensino.

É neste contexto que a FEC também proporciona formação de língua portuguesa aos professores das escolas englobadas pelo nosso projecto, para além de apoiar programas de rádio em português, de forma a desenvolver a coloquialidade. Este é um projecto que o Miguel já está a abraçar aqui em Canchungo, numa das rádios comunitárias locais.

O nosso objectivo é formar bons formadores guineenses que possam disseminar boa formação pedagógica e linguística nos professores das escolas comunitárias, de forma a permitir cada vez mais a sustentabilidade do ensino pelos próprios guineenses. É este o processo que eu estou a coordenar.

Os professores, verdadeiros heróis, vão, portanto, ensinando o que sabem, da melhor forma que conseguem. Quase sempre sem carteiras, apenas troncos de madeira onde sentar os alunos, sem quadro, sem cadernos, livros ou material de escrita. Por vezes, com alguma sorte, a UNICEF já passou por aqui e patrocinou algumas carteiras escolares, ou alguma Associação de Emigrantes de “Filhos da tabanca” bem sucedidos no exterior financiaram chapas de zinco para o telhado. Mas nem isto acontece sempre – uma das escolas que visitamos, feita de folhas de bananeira, não tem tecto. Está construída debaixo de uma árvore, o que dá um efeito lindíssimo, devo confessar. No entanto, levanta sérios problemas – é que se a sombra fica assegurada, resolvendo a questão do sol, na época das chuvas a escola vê-se obrigada a fechar por não ter condições. Na verdade, na época das chuvas a escola é destruída pelas fortes tempestades. Todos os anos, após seis meses de chuva, a comunidade levanta a pequena sala de folhas de palmeira, a céu aberto, de forma a poder albergar, durante mais seis meses, os meninos das quatro classes. Conseguimos imaginar uma escola totalmente dependente da sazonalidade, só porque a comunidade não tem dinheiro para comprar os materiais para construir um edifício? É muito difícil, e é muito difícil olhar estas pessoas nos olhos… Apesar das suas dificuldades, não nos pedem muito. Apenas nos falam das suas dificuldades – são balantas, não têm tradição de emigração (esses são os manjacos que recebem ajuda dos seus emigrantes e, consequentemente, têm escolas melhores), não têm apoios de nenhuma ONG, portanto… nem o edifício conseguem levantar… quanto mais falar de materiais didácticos. E estamos a falar de chapas de zinco e pregos!! Tudo o resto a comunidade prepara (madeira e tijolos), levantando ela mesmo a estrutura.

Não conseguindo ficar indiferentes, pensamos apoiar esta construção – será que conseguíamos mobilizar alguns esforços para conseguir a quantia necessária à construção desta escola, em Bidjope? E falamos em valores que rondarão os 500euros. Fica o desafio no ar!

Seguindo, a FEC, para além de assegurar a formação destes professores, quer a nível da língua portuguesa, quer a nível dos conteúdos que se leccionam no ensino primário (português, matemática e ciências integradas), quer ainda ao nível da pedagogia e da didáctica, trabalha com a comunidade local a fim de a envolver cada vez mais no processo educativo das suas crianças. Muitas crianças vão à escola de forma irregular, uma vez que têm de ajudar as famílias nas bolanhas (campos de arroz) ou noutros trabalhos agrícolas, o que prejudica a sua aprendizagem. É por isso que aqui é impensável trabalhar-se a escola fora da sua comunidade.

Como nada disto é possível sem materiais de apoio, a FEC entrega, às escolas envolvidas no projecto e já com provas dadas de bom aproveitamento das formações em anos anteriores, manuais escolares e outros produtos didácticos. É necessária uma grande racionalização dos materiais existentes face às enormes necessidades locais e aos recursos que a própria FEC tem disponíveis.

Foi, então, isto o que andamos a fazer nesta primeira semana de “campo” – verdadeiros safaris pelas tabancas do interior de Canchungo de forma a visitar a escolas com as quais vamos trabalhar neste projecto. Pura emoção!

Não é fácil imaginarem a alegria das crianças quando lhes entregamos os livros, talvez os primeiros livros em que pegaram na vida, os seus novos manuais escolares… é de cortar as palavras. Pena ter de vir sempre a recomendação: “mas não são para levar para casa, é para ficarem cá, serem bem conservados para darem para os meninos dos próximos anos”… Também, em casa serviam para quê? Sem luz, sem qualquer tipo de condições para o estudo.

O momento da entrega dos manuais é tão importante que estão presentes elementos das comunidades – os homens e as mulheres grandes (os mais velhos e que já tenham feito os rituais de iniciação locais), representantes de associações e outros grupos. É sempre muito bonito e intenso. Cada um toma a palavra – nós a explicar o que estamos a lá fazer, eles a agradecerem a nossa presença, o apoio com os materiais, o importarmo-nos com eles e com as suas crianças, permitindo-lhes um futuro melhor.

Passamos sempre a ideia de que não queremos criar dependências. A FEC quer poder sair das escolas o mais depressa possível, por isso aposta na capacitação de directores e formadores locais. Quanto mais formação o pessoal das escolas tiver, mais apta estará a enfrentar o futuro. Apresentam-nos, também, as suas preocupações, que nos são bem visíveis – a falta de todo o tipo de material, a deficiência da própria construção da escola, a falta de livros, a falta de formação adequada, a falta de uma fonte de água próximo da escola para alunos poderem beber, a falta de latrinas… tudo é mais do que visível e necessidades completamente básicas. Livros de sumários? Registo de faltas? Qual quê? O professor tem um caderno que serve para tudo... e isto depende do empenho e da formação do próprio professor.

Numa das escolas havia uma classe da pré-primária. Ficamos contente por saber, revela o empenho dos pais daquela comunidade e o reconhecimento da importância da escola. Mas a visita foi desoladora. Mais de trinta crianças, numa sala igual às salas de todas as outras classes, com duas bonecas na mesa do professor… Paredes vazias, nenhum material… Apesar de ser a primeira vez que vimos um brinquedo nestas escolas, não conseguimos deixar de pensar na nossa outra vida…

Depois da visita às quatro escolas envolvidas no projecto anterior, onde fomos entregar o material didáctico para este ano, passamos a visitar as novas dezasseis escolas que o projecto abraçará nos próximos três anos aqui em Cacheu (depois de um projecto piloto de quatro escolas, a FEC alargou a sua intervenção a mais dezasseis escolas, mantendo apenas um acompanhamento trimestral às primeiras), de forma a nos apresentarmos às comunidades das tabancas, quer como instituição, quer como representantes do projecto de formação que teremos. Têm sido experiências fascinantes!

As viagens são lindíssimas. Temos a ideia de que tudo nos pode acontecer. Quanto não poderia custar uma experiência destas na Europa? Queremos desportos radicais?

Visitamos escolas a 40 kms de Canchungo, por exemplo. Nada de muito longe, mas que pode durar uma manhã. Se não fosse a carrinha e a tracção às quatro rodas teríamos atolado todos os dias. Grande parte das vezes apercebemo-nos que as escolas que estamos a visitar não recebem a visita de um carro há meses (e isto porque em Junho sabemos que a FEC lá esteve a encetar relações para o projecto deste ano, senão, arriscaríamos a dizer que nunca tinham visto um carro…), uma vez que não há caminho aberto para carro. Tivemos mesmo que andar no meio do mato, por cima do capim, tentando adivinhar a forma de chegar aos locais. Numa das visitas, à escola de Biaganzinho, perdemo-nos mesmo e fomos dar a um local sem passagem devido a árvores caídas e à existência de um ribeiro para atravessar. Procuramos obter informações e disseram-nos que era possível abandonar o carro e ir a pé até à escola que ficaria a 15 metros do local. Aventuramo-nos no meio do mato. Chegámos, é verdade, mas andamos mais de meia hora… as medidas de comprimento precisam de ser revistas por aqui!

Vamo-nos apercebendo da dificuldade de transporte por aqui. A FEC tem apenas uma carrinha, que era suficiente até este ano. Com o novo projecto, a sua implementação em quatro regiões diferentes (Bissau, Cacheu, Bafatá e Mansoa) e o alargamento a um número elevado de escolas está a trazer a grande dificuldade de mobilidade. Neste momento, estamos a funcionar com o sistema de distribuir a carrinha uma semana para cada região. Aproveitamos, pois, para visitar as escolas com piores acessos na semana em que temos a carrinha FEC cá. Pior são as outras três… temos que alugar um carro mas como aqui são todos de qualidade duvidosa, não faltam casos em que ficamos pelo caminho, temos de empurrar os carros pois não pegam de outra forma… Tudo pode sempre acontecer! Mas temos de aprender a viver com o que temos, não é assim?

Outra situação engraçada ligada à estrada são as indicações de como chegar – “é virar no cajueiro”, “é depois da plantação de mancarra” (amendoim)… Bem, uma vez que não somos peritos em botânica… “vira-se no sítio onde está o homem dos calções amarelos”… será que o homem está sempre naquela bifurcação? E sempre de calções amarelos? Pois… mas a verdade é que estava, assim como estava em Junho! :D

E é nestas actividades que temos passado as nossas semanas por aqui – de manhã andamos a conhecer as escolas, à tarde preparamos as formações que vamos dar e supervisionar, estabelecemos contactos com outras instituições locais…

Também nos contactos de vizinhança temos feito desenvolvimentos. Como moramos na avenida central (!) de Canchungo, há sempre movimento e às vezes já vamos tendo dificuldade em trabalhar com tantas visitas. O Miguel então, nem se fala! Todos conhecemos os seus dotes de socialização. :D Há sempre gente a espreitar na rede mosquiteira (aqui a porta está sempre aberta, felizmente) e a perguntar pelo Miguel!. Na primeira semana, quando passávamos na rua, sempre ouvíamos gritar “branco umpelele” – a forma dos meninos nos cumprimentarem, chamando “branco muito branco”. Agora, já todos dizem “Miguel, Miguel”! Quando ainda nos chamam de branco, nós respondemos com “preto umbau”, que significa “preto muito escuro”! E ficamos todos felizes com estas brincadeiras. É uma alegria ver como estes meninos nos abraçam!

Quando começaram a ganhar confiança, começaram a vir pedir-nos para fazer desenhos. Na verdade não têm muitas oportunidades de ter papel e material de pintar. E como a nós não nos custa… Ao fim da primeira semana, e porque o número de candidatos crescia (também devido aos rebuçados que o Miguel distribui, creio eu! :D) não nos deixando trabalhar durante as tardes, determinamos horários para a hora do desenho. Temos agora um mini ATL aqui em casa! :D

A cidade de Canchungo, chamada de “Teixeira Pinto” no tempo colonial, é habitada pela etnia manjaca e balanta, dois povos muito diferentes. Enquanto os manjacos são de organização vertical, hierárquica e têm chefes bem definidos, os balantas são democráticos por natureza, partilhando a comunidade de todas as decisões a tomar. É engraçado ver como estas características se espelham na organização da própria comunidade e escola. Trabalharemos com ambos os tipos.

A nível religioso, existe a missão católica, dirigida pelo Pe. Henriques (tio de uma amiga nossa do Porto, por coincidência) e a mesquita, que fica mesmo por trás de nossa casa. Tem o seu quê de musical ouvir a chamada à oração, cinco vezes ao dia. Essa litania já vai entrando nas nossas rotinas auditivas. De manhã bem cedo até ajuda a embalar o sono, já leve.

Claro que estas duas religiões convivem com o animismo, religião local, que é a crença mais embrenhada na população local. E é bonito ver que cristãos e muçulmanos podem conviver lado a lado. O Pe. Henriques fala com todos na rua e todos o conhecem. Mesmo os mouros, que se reconhecem pela sua maneira de vestir, param para trocar umas palavras com o “branco umpelele”. :D

No segundo fim-de-semana de Novembro conseguimos passear um pouco – fomos até Mansoa, onde está uma das nossas colegas de projecto. É uma cidade bonita, que tem alguma geminação com Matosinhos. Lá está a grande “avenida de Matosinhos”, inaugurada pelo Exmo. Sr. Narciso Miranda… As coisas que nós andamos por cá a fazer!

Conseguimos, ainda, visitar Cacheu, a cidade capital de região que foi, também capital da Guiné no tempo colonial. Pelo que percebi, foi também dos locais difíceis na altura da guerra. Hoje Cacheu é uma cidade deserta, em ruínas. Ao estilo das cidades fantasma dos westerns americanos. A vista sobre o rio que lhe deu o nome é lindíssima.

Aqui podemos ainda verificar a presença dos portugueses – uma igreja quinhentista, dizem aqui que é a primeira construída pelos portugueses na costa ocidental africana; uma praça com um monumento, jardim e banquinhos sobre o rio, e o pequeno forte, onde jazem algumas estátuas que deviam embelezar o jardim anexo: Teixeira Pinto, Nuno Vaz e Diogo Cão que, de mão na testa, sobre os olhos, tenta vislumbrar o que está para além do horizonte… Não consigo deixar de me comover com estas imagens! Evitando julgamentos anacrónicos nem tomando partido, não consigo deixar de me comover ao encontrar pedaços da nossa história espalhados pelo mundo. Aquela imagem de um enorme Diogo Cão de bronze mirando o mar e o além, na direcção do pôr-do-sol, naquele fim de tarde, provocou-me um arrepio na espinha, tenho de confessar.

Nestes três fins-de-semana de Novembro encontro-me em Bissau para dar formação aos vinte e quatro formadores guineenses, anteriormente já formandos de projectos FEC, que foram seleccionados para formarem os tais professores do ensino básico. Desta forma, em vez de termos vinte ou trinta professores em formação, vamos conseguir ultrapassar os duzentos (entre a região de Cacheu e Bafatá). Esta organização em cascata parece-me mesmo a indicada para a criação de independência e passagem de responsabilidade. Quem sabe no final do projecto poderemos sair destas escolas e partir para outras, ainda abandonadas? É o nosso maior desejo.

Terei, portanto, a meu cargo, doze formadores que irão dar formação por toda a região de Cacheu, nas tais vinte escolas – cabe-me a mim dar-lhes formação intensiva durante este mês e acompanhá-los de perto durante todo o ano, com encontros semanais, de modo a prepararmos planos de aula, elaborarmos recursos, delinearmos estratégias... Terei ainda de assistir a sessões de formação quer destes meus formandos, quer dos professores a quem eles vão dar formação. Só vou supervisionar, no fundo! Tipo orientadora de estágio ou coisa parecida. Para já está a ser muito interessante.

Antes de terminar, ainda tempo para uma história engraçada – a FEC é financiada pelo IPAD (Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento), instituição do estado português que apoia a cooperação, e tem o apoio pedagógico da ESE de Viana do Castelo. De vez em quando eles fazem uma visita de monitorização aos seus financiados, para verem como correm as coisas no terreno. A semana passada, a equipa da FEC de Canchungo teve o privilégio de receber a visita dos senhores brancos! Foi uma festa! :D

Escolhemos uma escola de uma tabanca bem pobre para eles verem bem a realidade. A comunidade, já de pré-aviso, recebeu-nos muito bem. Acho que nunca tinham visto tanto branco junto… :D (continuamos a ter meninos que choram quando nos vêem!)

Depois de visitarem a escola (uma das novas no projecto), visitaram ainda o liceu Ho Chi Minh, de Canchungo, que vamos começar a apoiar, e o Centro de Desenvolvimento Educativo (vulgo, biblioteca pública) da mesma cidade, construído pela FEC e também apoiada pelo nosso projecto. Foi uma grande alegria na cidade!

Em todos os locais, grandes discursos oficiais – o vice-presidente do IPAD, o representante da embaixada portuguesa, o representante da FEC, o director da escola… No liceu de Canchungo, onde foi apresentada a nova parceria, o director chamou o representante da FEC na região, o Miguel, para o “cobrir com panos”, simbolizando, como ele mesmo explicou, o recém-nascido que precisa de ser protegido para bem se desenvolver, neste caso o início da colaboração. Foi um momento bonito! E o Miguel ficou todo catita com os panos do Amílcar Cabral… :D

Aconteceu ainda outro caso curioso – quando tive oportunidade, durante a visita, procurei o colega da ESE de Viana do Castelo que está a colaborar connosco no projecto. Perguntei-lhe se ele conhecia a Maria Benedita Bastos, arguente da minha tese, ao que ele respondeu: “Ah! Não me digas que és a da literatura e dos manuais escolares de Moçambique!”… :D O mundo é tão pequenino!! Um encontro engraçado que abriu caminho a uma longa e interessante conversa.
E bem, é isso… nos próximos episódios falaremos da festa do nosso primeiro Tabaski (feriado muçulmano que festejaremos no próximo fim-de-semana). Muito ecuménico!

Abraço e até breve,

Visitas a Escolas - Cacheu

Bianga

Fotos 6 e 7 de Novembro e Visita do IPAD

Canchungo, 5 de Novembro de 2009



Estamos na Guiné há quase duas semanas… o tempo, apesar de ser muito diferente por aqui, vai voando, de tão diversificadas que são as vivências!

Chegamos no sábado, 24, de madrugada. Que experiência! A viagem de avião já por si só foi sui generis – não conseguimos imaginar quantos pacotes se podem meter nas bagageiras de mão… guineenses que regressam ao seu país por um longo período de tempo e aproveitam para se munir de bens por um ano; cooperantes, como nós, que tentam prevenir a falta de tudo com “kits de salvação” de todos os tamanhos, espécies e feitios, encaixados em malas e malinhas… só a paciência da tripulação tornou possível encaixar tudo e partir, embora com bastante atraso devido à ginástica.

O voo correu bem. À chegada, 1:40 em Portugal, a hospedeira informa que a hora local era de 4:40. Acertamos os relógios.

E, mais uma vez, o ar espesso de África nos acolhe mal colocamos um pé fora do avião… àquela hora da manhã uma tempestade tinha varrido Bissau e só restava a imensa humidade e as poças de água em todos os buracos (milhares) da cidade.

O Miguel lembrou-se de um comentário muito pertinente sobre este “aterrar em África” que leu num livro do Kapuscinski. No tempo das descobertas, e mesmo no tempo colonial, vinha-se de barco, demorava-se tempo e ia havendo uma aproximação à realidade. De uma forma gradual, ia-se chegando aos locais de destino, tendo tempo para a interiorização e mesma habituação às diferenças. Actualmente saímos de Lisboa e, quatro horas depois, aterramos num local completamente diferente. Uma pequena distância física e temporal. Uma enorme distância cultural e de modo de vida… sem nenhuma aproximação que nos vá preparando.

Viajamos directamente para o hotel, bem bom para as circunstâncias, ainda que sem água quente… um luxo desnecessário por aqui. Mas em contrapartida possuía uma ventoinha, bem por cima da cama, que funcionou toda a noite.

Sábado de manhã acordamos para nos virem buscar e levar até Canchungo, nossa cidade. Custa acreditar que estamos mesmo cá.

Depois de duas horas à espera começamos a ficar preocupados e a tentar contactar os nossos… A história é engraçada - parece que fomos todos enganados pela TAP… a hora em Bissau é apenas uma mais que em Portugal… toda a equipa portuguesa acordou 2 horas mais cedo para nada! Para primeira experiência na Guiné, não está nada mal… e o erro nem sequer foi de guineenses! :D

A viagem para Canchungo traz-nos à lembrança os maravilhosos “safaris” em Moçambique – verde, muito verde, e laranja forte da terra, e azul colorido do céu. No entanto, plano, como raramente se pôde ver.

A estrada é boa, muito boa. Faz-se Bissau-Canchungo, cerca de 70 km, numa hora. A ponte sobre o rio Mansoa, construída há quatro anos, permitiu que Canchungo, antes a horas de distância, agora seja “já ali” para a capital. Paga-se uma portagem para passar na ponte de forma a permitir a sua manutenção. Engraçado como aqui também se falam as distâncias em horas e não em km. É que estes podem não dizer nada, depende sempre do material e do estado das estradas…

A chegada a Canchungo é deprimente, faz pensar em como seria antes da destruição da guerra – uma rotunda de acesso à cidade que abre para uma grande avenida larga, com duas faixas, uma para cada sentido, um passeio largo a separá-las, ladeadas por árvores. Mais uma vez o verde e o laranja.

Hoje, o que sobressai são os grandes lagos feitos pela chuva no que resta do alcatrão da altura. É mais fácil fazer a avenida a pé do que de carro. Torna-se impossível fugir dos buracos, que ocupam todo o espaço da estrada.

Por toda a avenida há mercado – bancas improvisadas em bancos, nos passeios, pequenas mesas ou tendas. Canchungo fervilha de pequeníssimo comércio. Vêem-se também as pequenas lojas (estas de cimento) dos Mauritanos, dos Senegaleses, dos Chineses e até há uma da “portuguesa”.

A nossa casa, bem, não vale muito a pena descrever – podemos resumir dizendo que precisou de grande limpeza e arrumação… e continua a precisar de uma grande pintura… e de água! Ao fim de duas semanas, bem, para sermos sinceros, ao fim do primeiro dia percebemos que essa iria ser a nossa grande dificuldade. Como é possível viver sem água canalizada em casa? Acho que devemos refazer a pergunta, uma vez que grande parte da população mundial vive dessa forma. Como é possível alguém que sempre viveu com água canalizada passar a viver diariamente sem esse luxo? Pois… estamos a descobrir isso, várias vezes ao dia! Na hora do banho (e valha-nos o saco de banho de campismo que nos recomendaram), na hora de lavar os dentes, na hora de usar o WC, na hora de cozinhar e lavar alimentos e pratos e… e… é infindável o número de vezes que usamos as torneiras das nossas casas sem nos apercebermos desse milagre. E o ritual da água para beber? Filtrar, ferver, deitar gotinhas de lixívia… acho que não restará nada no nosso interior que não fique bem desinfectado!

A água chega a casa de quinze em quinze dias por cedência da missão católica aqui vizinha. Estamos a tratar disso mesmo nesta hora em que escrevemos. Existe uma mangueira enorme que se liga na torneira da missão, atravessa a estrada e enche todos os nossos bidões (há múltiplos espalhados pela casa). E bem, entre baldes, baldinhos e canecos, lá vamos distribuindo por todas as tarefas que necessitam de água… é de puxar pela criatividade!

Relativamente à alimentação, o forte é o arroz. Guineense alimenta-se de arroz. E pouco mais. Claro que nós vamos tendo acesso a outras coisas, nas lojas estrangeiras, apesar das limitações que possam imaginar. Vamos tendo atum, ovos, leite em pó, pão, margarina, óleo, massa, batatas… o básico existe. Há apenas um talho e muito pouco recomendável! Eu espreitei e jurei que não iria lá mais, pois rapidamente me tornaria vegetariana. Os homens da casa vão lá de vez em quando e trazem um pouco. Ah! Esquecia de dizer que temos um sistema de frigorífico muito especial – temos dois que funcionam com gás e electricidade alternadamente, mas um tem a parte gás avariada e outro tem a parte eléctrica… como o gás é muito caro, optamos por funcionar com a electricidade. Só que esta só vem entre as sete e a uma da tarde e entre as sete e as dez da noite, portanto… vamo-nos adaptado! Só não podemos ter nada que se estrague depressa lá dentro! :D É a aprendizagem da vida diária. Um dia de cada vez…

Fruta e legumes vão-se encontrando, mas sempre o que é da época e directamente da terra, portanto… nada de alface todo o ano e essas mordomias a que estamos acostumados. Às vezes temos saudades dos “frescos do Pingo Doce”. :D

A população de Canchungo, que administrativamente é o equivalente a uma sede de concelho em Portugal mas na realidade como as nossas pequenas aldeias, é muito acolhedora. Facilmente nos sentimos em casa. Também não podemos esquecer que nenhum de nós sofre já com a adaptação ao ambiente “África” – as experiências em Moçambique, e mesmo a viagem do Miguel no mês de Agosto, permitem que esse choque inicial tenha sido ultrapassado sem grandes dificuldades. É como passar a viver noutro mundo, noutra dimensão (sem dúvida nenhuma), mas que também já faz parte de nós, já é um pouco de casa que nos acolhe de cada vez que cá estamos.

Durante a primeira semana, o Cirilo, técnico guineense da FEC que passa a semana connosco em Canchungo, apresentou-nos a todas as instituições possíveis por aqui – liceu, escolas, missões, hospital, entidades administrativas e escolares, rádios locais, etc… A cidade é bonita e conforme saímos um pouco da avenida central (onde nós vivemos) entramos numa paisagem natural lindíssima, cheia de verde, de horizonte, de sol e cor. Tem mesmo um rio onde se pode nadar um pouco.

O Cirilo tem sido uma pessoa importantíssima na nossa integração pois, para além de ser guineense e falar crioulo (a língua que todas as pessoas falam por aqui), já está na FEC há um ano, o que nos permite alguma continuidade, apesar da mudança. Para além disso, ele é uma pessoa interessantíssima, que estudou língua e literatura portuguesa no Brasil, durante cinco anos, e que tem uma vida riquíssima de histórias. Tem sido um bom guia para nós.

Ah! E não podemos deixar de chamar a atenção para um facto curioso – só conhecemos um guineense no Porto, grande amigo nosso por sinal, o Roberto. Não é que ele é mesmo de Canchungo (de uma tabanca próxima), estudou cá e é famosíssimo? Trouxemos connosco cartas dele para os padres e os amigos, o que também nos abriu logo muitas portas. Para além disso, descobrimos pouco antes de virmos que o padre português cá da missão é tio de uma colega nossa aí do Porto. O mundo não é mesmo muito pequeno? Melhores cartões de visita não podíamos ter…

No fim-de-semana fomos para Bissau, onde nos encontramos com toda a equipa FEC no país (11 pessoas – 8 portugueses e 3 guineenses) para apanharmos juntos o barco expresso para uma das ilhas de Bijagós – Bubaque. O objectivo era estarmos todos juntos para prepararmos o ano de trabalho em cada região, ao mesmo tempo que criávamos dinâmicas de grupo entre nós (team building) e aproveitávamos do belíssimo paraíso que a natureza de Bijagós proporciona.

Fazemos aqui um parênteses para explicar quem somos e o que fazemos (apesar de irmos desbravando isso noutros momentos ao longo deste ano, com certeza):

- equipa em Bissau – o gestor do projecto (Simão), a coordenadora pedagógica (Ana), uma investigadora, a Catarina(colocada a estagiar na FEC através do programa INOVMUNDOS) e um logístico guineense, o Domingos

- equipa em Canchungo – o Miguel, ponto focal da FEC no local e coordenador da gestão e administração escolar, eu, supervisora pedagógica da formação de professores na região de Cacheu, e o Cirilo, técnico formador guineense

- equipa em Bafatá – replicação da equipa em Canchungo (a Rita, a Ana e o Luís)

- equipa em Mansoa – a Susana, técnica de comunicação, que trabalha com as rádios locais, com o objectivo de ajudar na divulgação e correcção da língua portuguesa. Virá uma vez por semana a Canchungo, apoiar a rádio, onde o Miguel participará num programa semanal em parceria com um professor de língua portuguesa aqui do liceu (grande amigo do nosso Roberto), o Marcolino.

A viagem foi engraçadíssima – aqui não há rede de transportes estatal. Assim, há um tipo de serviço de táxi, com direito a lugar para paragem e tudo, em que particulares alugam os sete lugares das suas carrinhas (daí chamarem-se sete places, à francesa). Mas o transporte não tem hora. Parte quando encherem os sete lugares… portanto, e como tínhamos de estar em Bissau às nove, fomos para a paragem às sete da manhã, esperando que enchesse rápido a fim de podermos partir. Nada parecido com o nosso stress matinal aí nas grandes cidades :D

E o nosso baptismo nas “sete places” foi do melhor – para além de nós os três, fomos com duas senhoras que levam peixe de Canchungo para Bissau… Imaginem a maravilha de viajar numa carrinha como as nossas, onde vão oito pessoas, as respectivas malas… e duas grandes bacias de peixe… Quando o carro estava em andamento, e com as quatro janelas abertas, lá se ia (com a cabeça de fora, sobretudo), mas quando o carro parava por qualquer razão… pensei que ia morrendo…

Aproveitando a ida a Bissau fomos, todos os portugueses recém-chegados, à embaixada portuguesa tratar da nossa documentação. É estranho estar em território português a tantos km de distância! E a senhora que me atendeu, portuguesa, até tem família em Rio Tinto!

Depois de grande correria e de muita burocracia lá fomos para o porto de Bissau. A partida do barco tem de ser numa altura muito precisa, uma vez que depende das marés.

Aqui aconteceu uma situação daquelas que só se passam em África, onde parece que nada acontece mas, por outro lado, tudo pode acontecer. O nosso “chefe”, Simão, andando a tratar de tantos assuntos, acabou por chegar atrasado ao barco, perdendo-o. Ficou combinado que ele iria tentar ir lá ter de canoa, no dia seguinte. Mas ele lembrou-se de telefonar ao “Patrício”, aquela personagem que existe em todos os locais destes – o português que decidiu ficar apesar de todas as guerras e hoje é aquele que conhece tudo, resolve tudo e desenrasca tudo. Não é que este conhecia alguém que tem uma avioneta particular que faz serviço de táxi para um hotel chiquíssimo lá em Bijagós e que tinha mesmo de ir lá buscar um grupo de hóspedes? Imaginem a nossa cara quando, após cinco horas de barco, chegamos ao porto de Bubaque e vemos o Simão, todo sorridente e com um ar fresquíssimo, à nossa espera. Ficamos possessos com ele… e acreditem que só depois de falarmos ao telefone com o tal Patrício acreditamos na história… This is Africa!!

A nossa viagem não foi má… passamos as cinco horas na conversa entre o sol do exterior e a sombra (abafada e mal cheirosa) do porão de segunda classe. Na primeira vem-se melhor mas é mais cara, e na terceira, morre-se sem ar. Nós jogamos pelo meio termo. Torramos, literalmente, ao sol, e até eu ganhei uma corzinha.

Pelo caminho vêem-se várias ilhas do arquipélago. É mesmo bonito!

A chegada do barco é o grande momento semanal - esquecia de dizer que o barco parte de Bissau às sextas e regressa a Bissau ao domingo. Fora disto, só se pode ir de canoa (o que não é muito seguro devido às marés)… ou de avioneta, pelos vistos!

O porto estava cheio de gente à espera do barco, vale a pena ver o colorido das roupas dos muitos que vieram ver quem chega.

Foi um fim-de-semana fantástico! Ficamos num hotel muito engraçado e em conta (para os nossos bolsos, claro)… Pudemos comprovar, com grande satisfação, que é mesmo verdade o que tínhamos ouvido dizer de que em algumas casas a água chega através de canos e sai quando se abre uma coisa a que chamam torneira!! :D Já quase não nos lembrávamos disso… fartamo-nos de tomar banho! E lavar os dentes nunca me pareceu tão fácil! :D

Bem, vou abreviar… passamos o fim-de-semana entre praias lindíssimas (apesar do banho ter de ser com sapatos porque a água está cheia de raias!), dinâmicas de grupo, reuniões de equipa, passeios, jantares em locais estranhos (óptimos para Canchungo, pouco indicados para quem se sente a fazer férias de rico…)… A verdade é que comemos carne e peixe que nem eram enlatados nem tinham um cheiro esquisito… Como no domingo era dia de fiéis defuntos e aqui os feriados ao fds passam para a segunda seguinte (brilhante ideia, ora digam lá!), segunda foi feriado. Consequentemente (!) o barco deixou de partir no domingo e passou para segunda… Ora que pena! Lá ficamos mais um dia “presos” nas ilhas de Bijagós. Aproveitamos para apanhar uma canoa para a ilha de Rubane e aproveitar as suas belas praias, enquanto fazíamos mais umas reuniões de planificação e dinâmicas de grupo.

Ficamos com a certeza de que uns fins-de-semana na civilização nos vão fazer muito bem!! :D

De regresso a Bissau, fomos jantar a um restaurante português de luxo (isto é sempre relativo, ok? Aí poderia ser uma tasca, mas aqui… tem menu escrito, sobremesas e café! É mesmo um luxo!)

… que estranho! Apercebi-me que esse é o tipo de vida normal dos cooperantes cá em Bissau – saltar de local em local o mais parecidos com a realidade europeia possível… Não posso dizer que não me tenha agradado o fds “à branco” mas (e excluindo a parte da falta de água, note-se bem), sinto-me mais feliz vivendo nas regiões, com as comunidades das tabancas e sentindo a Guiné no seu dia-a-dia, do que vivendo em Bissau, rodeada de brancos, fazendo vida social nos locais de brancos e tendo de fazer “qualquer coisa de especial” para “sentir a Guiné”, como ouvi dizer entre cooperantes em Bissau. Parece-me estranho estar a viver na Guiné e ter de procurar qualquer coisa para “sentir a Guiné”… Claro que precisamos dos nossos equilíbrios mas eu prefiro sentir a Guiné todos os dias (afinal foi a minha opção!) e ter um fds à branco de vez em quando, para recarregar energias. Mas isto daria uma bela discussão…

A noite acabou por ser atribulada. No hotel onde ficamos, caro por sinal, chegou um gambiano bêbedo que arranjou alguns distúrbios. Meteu polícia e tudo… uma bela acção à África, mas nada de preocupante. Ficamos no nosso canto e tudo passou.

Na terça, mais uma odisseia, burocrática… Nem dá para acreditar! Fomos três vezes à imigração para conseguirmos a autorização de residência – na primeira, a senhora que nos devia atender estava para fora; da segunda vez que voltamos, a senhora estava ocupada a fazer a conferência do material e não nos pôde atender; da terceira… bem, tinha acabado a tinta para as impressões digitais e como aqui é preciso a impressão de todos os dedos das duas mãos… viemos embora sem nada feito! Teremos de voltar, apesar de termos perdido uma manhã nisto… This is Africa! :D

Bem, a verdade é que não se perdeu tudo… nos entretantos fomos fazendo algumas compras para levar para Canchungo. É que aqui há mercados para ricos onde se encontram alguns produtos que não há nas regiões. Portanto, abastecemos para alguns dias. Ah! E tratamos da internet… pode ser que haja solução à vista. E descobrimos uma esplanada que se chama “Oporto”, cujo dono se chama Zé António e é de Campanhã (!!), tem internet wireless e serve café da Nespresso… Viva Bissau! :D

Bissau deve ter sido uma cidade lindíssima – ordenadíssima a nível urbanístico, com grandes avenidas e quarteirões traçados a régua e esquadro, construída junto ao porto, com edifícios bem bonitos, ao estilo colonial, cheia de jardins e árvores elegantes. Demos umas voltas pela cidade, que hoje está totalmente destruída, em ruínas, e deu para ver a confusão de trânsito e pessoas que aí existe. Já é uma cidade africana, com todos os problemas inerentes.

E voltamos à nossa Canchungo… Já tinha saudades, tenho de confessar! Viva a vida calma das regiões!! :D

Esta semana andamos a visitar as tabancas num verdadeiro corta-mato, mas isso… fica para o próximo número!